A Lava Jato está prejudicando o país e causando desemprego, sem propor solução para as empresas de construção civil. A afirmação é de João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, que nesta segunda-feira (21) reuniu-se com outros representantes de centrais sindicais e de empresários paulistas na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para discutir uma agenda conjunta a ser levada ao governo para destravar a economia e reduzir o desemprego.
Juruna defendeu inclusive um acordo de leniência aos empresários investigados pela Lava Jato para que as obras sejam retomadas.
- A Lava Jato está prejudicando o país, causando desemprego, sem propor soluções para as empresas. Muitas companhias da construção pesada fecharam ou as obras foram paralisadas e milhares de trabalhadores estão desempregados. É preciso um debate no Congresso e no Judiciário para um acordo de leniência que possa retomar as obras e o emprego - defendeu Juruna à saída do encontro, que durou cerca de duas horas.
O sindicalista disse que em outros países, como os Estados Unidos, os acordos de leniência são feitos e evitam que as empresas sejam fechadas. Para Juruna, com a leniência, as empresas poderiam assumir suas dívidas e seus erros, e demitir diretores que tivessem feito falcatruas, afirmou ele, referindo-se a empresas como Odebrecht e outras que tiveram obras paralisadas para Lava Jato. .
- Isso não é uma jogadinha brasileira. Isso acontece no mundo - disse Juruna.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, também defendeu a retomada de obras, mas não concordou com a avaliação do sindicalista de que a Lava Jato seja prejudicial ao país. Para Skaf, está é uma opinião pessoal de Juruna e a possibilidade de acordos de leniência aos empresários investigados pela Lava Jato nem foi discutida na reunião.
- Nós não fizemos análise, e nem caberia a nos fazer análise sobre a Lava Jato. O fato é que onde tiver obra parada tem que reiniciar. A economia brasileira está dando sinais positivos, o momento agora é de jogar um catalisador para retomar o crescimento e combater verdadeiramente o desemprego - disse Skaf.
O presidente da Fiesp disse que uma obra pública parada se deteriora e quando é retomada é preciso gastar quase tudo de novo para recuperá-la. Skaf defendeu que, em caso de impossibilidade de uma empresa tocar uma obra ou uma concessão, que ela seja repassada a outro grupo, brasileiro ou estrangeiro.
- Hoje nós estamos com centenas, milhares de obras paralisadas em todo o país. E isso não interessa. O importante é que a gente reative a construção civil e reative as obras que estão paralisadas - afirmou.
Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), que também participou do encontro, disse que a retomada das obras paralisadas pode voltar a gerar empregos, consumo e movimentar a economia. Ele considerou importante a discussão entre representantes de trabalhadores e empresários para buscar alternativas para superar o desemprego no país.
- As questões estão sendo resolvidas, a Reforma Trabalhista já foi aprovada, a da Previdência está sendo discutida e a Tributária entrou na pauta. A reforma do estado está sendo debatida, mas nada disso até agora tem como consequência a geração de emprego - afirmou.
Entre outras reivindicações discutidas no encontro estão aumento da oferta de crédito, continuidade da redução dos juros, aumento do número das parcelas do seguro desemprego (de cinco para sete parcelas) e discussões sobre a reforma tributária.
O grupo de sindicalistas e representantes da indústria paulista pretende se encontrar com o presidente Michel Temer no próximo dia 12 de setembro, em Brasília. Paulo Skaf afirmou que não se trata de sinalizar apoio político ao presidente, mas sim apoiar o país.
- A nação brasileira precisa retomar crescimento e emprego, sair deste atoleiro. Temos que fazer essas faíscas de retomada virarem um incêndio positivo de geração de emprego - afirmou Skaf.
Fonte: Extra