Emblema da Organização das Nações Unidas. Foto: Spiff / Wikicommons
Os fluxos de Investimento Estrangeiro Direto (IED) “permanecerão moderados” em 2021 e os países em desenvolvimento poderão até mesmo ver um declínio acentuado nesse pilar crucial para seu crescimento, alertou a ONU.
Além disso, a recuperação não deve acontecer tão cedo e terá a forma de um “U”, explicou James Zhan, diretor da seção de investimentos e negócios da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), em coletiva de imprensa na qual apresentou o relatório anual, publicado neste domingo (24).
“Os fluxos globais de Investimento Estrangeiro Direto continuarão moderados em 2021”, sublinhou a Unctad, num contexto econômico ainda muito afetado, a nível mundial, pela pandemia da covid-19.
A agência da ONU prevê uma nova queda entre 5 e 10% em relação ao ano anterior, que também foi marcado por um “colapso” de 42% em relação a 2019, para 859 bilhões de dólares.
É 30% menor que o nível mínimo durante a crise financeira de 2009 e traz o volume de investimentos aos níveis da década de 1990.
“A verdadeira recuperação começará em 2022”, disse Zhan.
“Os investidores provavelmente continuarão a ser prudentes na alocação de recursos para ativos produtivos no exterior”, prevê o relatório, também destacando que a queda acentuada em novos projetos em 2020 (-35%) é um indicador de que o IED está em queda neste ano.
– Ainda mais desfavorecidos –
Nos países em desenvolvimento, esse indicador está no vermelho e suas perspectivas para 2021 são “uma fonte de profunda preocupação”, segundo Zhan.
Embora o IED tenha se mantido relativamente bem em 2020, os anúncios de novos projetos criados caíram drasticamente, em 46%, nesses países.
O continente africano foi o mais afetado, com uma redução de 63%, visto que o financiamento internacional de projetos (como os dispositivos financeiros de vários parceiros para grandes projetos de infraestrutura) caiu 40%, enquanto no conjunto dos países em desenvolvimento o retrocesso foi de 7%.
“No entanto, investimentos deste tipo são fundamentais para as capacidades de produção, as infraestruturas de desenvolvimento e, portanto, para as perspectivas de uma recuperação duradoura”, insistiu a Unctad.
Na América Latina e no Caribe, os investimentos em novos projetos foram cortados pela metade e na Ásia caíram 38%.
– Fusão e aquisição –
“O aumento no fluxo de IED provavelmente se deve a fusões e aquisições internacionais do que a novos investimentos em ativos produtivos”, considerou a agência em seu relatório, com base na tendência de transações anunciadas, mas ainda não fechadas.
As fusões-aquisições aumentaram no segundo semestre, principalmente no setor de tecnologia e saúde, que não foram tão afetado pela pandemia, e as empresas em busca de bons negócios devem aproveitar as baixas taxas de juros e a alta das ações.
As empresas europeias devem atrair 60% das transações, mas Índia e Turquia também estão bem posicionadas, com número recorde de “vendas fechadas”. Cerca de 80% dos compradores vêm de países ricos, especialmente da Europa, onde a atividade de fusões e aquisições “está crescendo significativamente”.
FONTES: ISTOÉDINHEIRO/AFP