Análise divulgada pela Fiocruz
Dados alarmantes, diz fundação
Hospitais estão sobrecarregados
Pela 1ª vez desde o início da pandemia, todas as regiões brasileiras registram piora nos indicadores da covid-19 ao mesmo tempo, segundo boletim divulgado nessa 3ª feira (2.mar.2021) pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Até então, cada Estado apresentava um estágio diferente da evolução da doença.
Dezoito Estados e o Distrito Federal têm taxa ocupação de leitos de UTI para covid-19 acima de 80%. Desses, 10 estão com taxa de lotação acima de 90%.
“Os dados apresentados, embora alarmantes, constituem apenas a ponta de um iceberg de um patamar de intensa transmissão no país”, diz trecho do boletim (íntegra – 28 MB).
A Fiocruz alerta que a sobrecarga do sistema de saúde é uma preocupação desde o início da pandemia, mas que a situação se agravou desde janeiro.
Por trás dos dados “estão dificuldades de resposta de outros níveis do sistema de saúde à pandemia, mortes de pacientes por falta de acesso a cuidados de alta complexidade requeridos, a redução de atendimentos hospitalares por outras demandas, possível perda de qualidade na assistência e uma carga imensa sobre os profissionais de saúde”, diz a fundação. “A possibilidade de ampliação de leitos de UTI existe, mas não é ilimitada”, completa.
De acordo com a Fiocruz, das 27 capitais estaduais, 20 têm taxa de ocupação de leitos de UTI superior a 80%:
- Porto Velho (100%);
- Florianópolis (98%);
- Curitiba (95%);
- Goiânia (95%);
- Teresina (94%);
- Natal (94%);
- Rio Branco (93%);
- Manaus (92%);
- Campo Grande (93%);
- Fortaleza (92%);
- São Luís (91%);
- Brasília (91%);
- Rio de Janeiro (88%);
- João Pessoa (87%);
- Palmas (85%);
- Cuiabá (85%);
- Belém (84%);
- Salvador (83%);
- Boa Vista (82%); e
- Porto Alegre (80%).
Além da ocupação de leitos, a Fiocruz analisou também o crescimento do número de casos e de mortes e altos níveis de incidência de SRAG (síndrome aguda respiratória grave).
“Os dados consolidados para o país confirmam a formação de um patamar de intensa transmissão da covid-19.”
“Estamos diante de novos desafios e de um novo patamar, exigindo a construção de uma agenda nacional para enfrentamento da pandemia, mobilizando os diferentes poderes do Estado brasileiro (Executivo, Legislativo e Judiciário), os diferentes níveis de governo (municipais, estaduais e federal), empresas, instituições e organizações da sociedade civil (de nível local ao nacional)”, afirma a Fiocruz.
A fundação lista uma série de medidas que considera necessária. Entre elas:
- reconhecimento legal do estado de emergência sanitária;
- viabilização de recursos extraordinários para o SUS (Sistema Único de Saúde);
- ampliação da capacidade assistencial, incluindo mais leitos clínicos e de UTI para covid-19 e a proteção, capacitação e valorização dos profissionais de saúde;
- aceleração da vacinação;
- aprovação de um Plano Nacional de Recuperação Econômica, com o retorno imediato do auxílio emergencial e de políticas sociais de proteção aos mais pobres e vulneráveis;
- manutenção de medidas preventivas como distanciamento físico e uso de máscaras;
- adoção de medidas mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais, de acordo com a situação epidemiológica e capacidade de atendimento de cada região.
PIOR DIA DA PANDEMIA: 1.641 MORTES
O Brasil registrou 10.646.926 casos de covid-19 e 257.361 mortes até as 20h dessa 3ª feira (2.mar.2021). São 59.925 diagnósticos e 1.641 vítimas a mais que no dia anterior, de acordo com o Ministério da Saúde.
O país nunca tinha registrado um número tão alto de mortes em 24 horas. A máxima anterior foi em 29 de julho, com 1.595 notificações. Naquela data, São Paulo divulgou 2 dias de dados represados.
O Brasil tem atualmente taxa de 1.206 mortes por milhão de habitantes. O Poder360 cruzou dados do Ministério da Saúde com a estimativa populacional para 2021 divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
FONTE: PODER 360