IMAGEM: SIMA SAMI BAHOUS/PACIFIC PRESS
Apesar de uma resolução da ONU do ano 2000 destinada a proteger as mulheres dos conflitos armados e incluí-las nos processos de paz, elas continuam sendo as primeiras vítimas das guerras e estão sub-representadas nas mesas de negociação, denunciaram nesta terça-feira (7) representantes oficiais perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A reunião, na véspera do Dia Internacional da Mulher, coincidiu com a da Comissão sobre o Estatuto da Mulher (CSW, sigla em inglês), que deu início ontem a duas semanas de encontros em Nova York.
Em 20 anos, "não mudamos de forma significativa a composição das mesas de negociação da paz, nem alteramos a impunidade da qual desfrutam aqueles que cometem atrocidades contra mulheres e jovens", lamentou no encontro a diretora-executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous.
A diretora citou o Afeganistão, "um dos exemplos mais extremos do retrocesso nos direitos das mulheres" desde o regresso dos talibãs ao poder, em agosto de 2021, e a guerra na Ucrânia, onde "as mulheres e seus filhos representam 90% dos cerca de 8 milhões de ucranianos que tiveram que abandonar o país".
A embaixadora dos Estados Unidos perante a ONU, Linda Thomas-Greenfield, pediu que a comunidade internacional "aplique o programa 'mulheres, paz, segurança'", título da resolução da ONU que completará 25 anos em outubro de 2025. O texto "reitera o papel importante das mulheres na prevenção e resolução dos conflitos, nas negociações de paz, e insiste na importância de uma participação igualitária e do seu envolvimento total para manter e promover a paz e segurança".
A diplomata criticou "a violência e a opressão contra as mulheres e jovens em todo o mundo", do Irã ao Afeganistão, passando por áreas da Ucrânia ocupadas pela Rússia.
A representante de França, Marlène Schiappa, secretária de Estado para a Economia Social e Solidária, denunciou que, "em qualquer situação de conflito e crise em Ucrânia, Iêmen, Somália, etc., as mulheres são particularmente afetadas, sendo alvos deliberados, inclusive, de violência sexual".
"Apenas 28% dos acordos de paz contêm determinações sobre o lugar da mulher, e, nos últimos 25 anos, apenas 2% dos mediadores e 8% dos negociadores eram mulheres”, ressaltou Marlène.
FONTE: AFP