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A Europa deve “esclarecer” as “barreiras” que afetam a competitividade de produtos argentinos e brasileiros para que o acordo comercial negociado com o Mercosul seja concretizado, estimou o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, nesta segunda-feira (23).
“Na discussão do acordo Mercosul-União Europeia aparecem no horizonte algumas questões que a Europa deve esclarecer”, afirmou Massa, que mencionou como exemplo os subsídios agrícolas “que funcionam como uma barreira para a competitividade dos alimentos argentinos e brasileiros”.
“Nesse sentido, o desafio para avançar em qualquer acordo de bloco surge em torno de quais são as barreiras que eles colocam para a competitividade de produtos nos quais o Mercosul ou a América do Sul são competitivos”, como proteínas e minerais, acrescentou.
“Os acordos não podem ser vantajosos para apenas uma das partes, senão não são acordos, são imposições”, comentou Massa, ao lado do ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua visita de Estado à Argentina.
Após tomar posse para um terceiro mandato em 1º de janeiro, Lula iniciou seu retorno ao cenário político internacional no país vizinho. Seu primeiro grande desafio é a crise interna do Mercosul, após a decisão do Uruguai de negociar um Tratado de Livre-Comércio (TLC) bilateral com a China e solicitar sua entrada no Acordo Transpacífico sem a anuência dos demais membros do bloco, uma decisão duramente questionada por Brasil, Argentina e Paraguai.
No domingo, em entrevista à Folha de S. Paulo, o chanceler do Brasil, Mauro Vieira, reiterou sua oposição a um TLC Uruguai-China, que Montevidéu e Pequim já negociam e sobre o qual a China manifestou explicitamente o seu interesse.
Mas o titular do Itamaraty também reconheceu que o bloco “não é o mesmo da época da criação”, em 1991, e que devem ser consideradas “as necessidades de cada um e as assimetrias que existem, e ver o que se pode fazer em termos de algum tipo de concessão”.
O Uruguai argumenta que Argentina e Brasil adotaram medidas bilaterais dentro do bloco, como reduções da Tarifa Externa Comum (TEC), e pede – há quase duas décadas – uma flexibilização do grupo que lhe permita explorar acordos comerciais a uma velocidade diferente da de seus parceiros.
A postura uruguaia não encontrou obstáculos no governo de Jair Bolsonaro no Brasil, mas colidiu frontalmente com o Executivo de Alberto Fernández e agora com o de Lula.
“O Uruguai é um dos irmãos menores do Mercosul, e Brasil e Argentina têm a responsabilidade de cuidar dele como todo irmão menor”, limitou-se a responder Massa ao ser consultado em entrevista coletiva ao lado de Haddad sobre a postura uruguaia e a possibilidade de um rompimento do bloco sul-americano.
FONTE: AFP