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O mercado de trabalho para imigrantes no Brasil, que sofreu forte retração em 2015 e 2016, começa a se recuperar.

 Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (13) pelo ObMigra (Observatório das Migrações Internacionais), houve uma queda de 22,3% no número de imigrantes que conseguiram autorização para entrar no mercado de trabalho formal em 2016 (foram 36.868 em 2015 e 28.658 no ano seguinte).

 Dados do Caged examinados no relatório apontam que, em 2016, 40.066 imigrantes foram admitidos, e 50.959 demitidos, com um saldo negativo de 10.893. Os dados de 2017, atualizados até junho, mostram recuperação: 22.234 estrangeiros foram admitidos e 17.530 demitidos, um saldo positivo de 4.704.

 "Normalmente, quando há uma crise econômica, o imigrante é o primeiro a ser atingido, mas, aqui, a crise começou em 2014, e o mercado de trabalho para os imigrantes só passou a ser afetado no final de 2015", disse à Folha Tadeu Oliveira, pesquisador do OBMigra e um dos autores do relatório "A inserção dos imigrantes no mercado de trabalho brasileiro", feito em parceria com o Cnig (Conselho Nacional da Imigração) e o Ministério do Trabalho.

 Um dos motivos, explica Oliveira, é que os imigrantes em maior número no mercado formal, como haitianos e senegaleses, estão empregados no agronegócio –em abate de animais, por exemplo. E o setor do agronegócio vem puxando a recuperação econômica.

 As autorizações permanentes de trabalho, normalmente concedidas a dirigentes de empresa ou investidores, tiveram queda maior em 2016, de 41,7% em relação a 2015.

Até 2014, havia um padrão de crescimento anual na entrada de estrangeiros, segundo dados da Polícia Federal compilados no relatório. Mas em 2015, houve queda de 15% nesse número e, em 2016, retração de 9%, porque o país está "atravessando uma crise econômica sem precedentes, aliada à crise política".

 Em 2016, o número de estrangeiros empregados no mercado de trabalho formal caiu 13% em relação ao ano anterior.

 Desde 2013, os haitianos são a principal nacionalidade entre os empregados no mercado formal, mas houve queda de 29,9% em 2016. No ano passado, eram 25,7 mil haitianos trabalhando no mercado formal, seguidos por portugueses (8,8 mil), paraguaios (7,7 mil), argentinos (7,1 mil), bolivianos (5,9 mil) e uruguaios (3,9 mil).

O salário dos imigrantes continua bastante baixo. Segundo pesquisa realizada anteriormente pelo OBMigra em Roraima, 32% dos venezuelanos que chegaram em Roraima têm nível superior e quase 80% concluíram o ensino médio. Mas a mediana do salário dos venezuelanos é R$ 991, e dos haitianos, R$ 1.173. Os noruegueses têm mediana de salário de R$ 13.741. "Venezuelanos e haitianos estão recebendo muito abaixo de suas qualificações", diz Oliveira. "Um dos motivos é a dificuldade de validar diplomas no Brasil, problema que deve ser amenizado com a entrada em vigor da nova Lei de Migração."

 Camila Asano, coordenadora de programas da Conectas Direitos Humanos, aponta que esses dados são de apenas parte da população migrante no Brasil, aqueles que vieram por migração regular e têm trabalho formal. "No Brasil uma parte considerável dos migrantes são irregulares e estão no mercado informal, em parte porque o Estatuto do Estrangeiro dificultava muito a regularização."

 Oliveira ressalta que os imigrantes não representam ameaça para o trabalhador brasileiro –são 0,3% da população do País. 

Fonte: Folha de S. Paulo