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Após mais de dois anos de deterioração contínua, o mercado de trabalho brasileiro dá sinais de estabilização, como redução do ritmo de queda da população ocupada e variação positiva da renda, mas a recuperação esperada ainda será lenta, apontam economistas. A pesquisa divulgada na última sexta-feira pelo IBGE mostra que a taxa de desemprego ficou em 13,3% no trimestre encerrado em maio, atingindo 13,8 milhões de pessoas.
A sinalização mais clara vem da renda. Na avaliação de Thiago Xavier, economista da Tendências Consultoria, há “sinais contundentes” da melhora da renda. Desde dezembro, a renda apresenta taxas de crescimento na comparação com igual período de 2016. No trimestre encerrado em maio, a variação foi de 2,3%, para R$ 2.109.
— Sob a perspectiva da renda, há sinais contundentes de melhora do mercado de trabalho. São seis resultados positivos seguidos. É uma dinâmica favorecida pela inflação mais acomodada. Como os reajustes são feitos pela inflação passada, refletem as taxas mais pressionadas do passado. Mas há uma sequência de seis taxas positivas, se destaca — afirma Xavier.
Em maio, houve aumento da renda do empregado doméstico e estabilidade nas demais posições na ocupação — como empregado com carteira de trabalho e por conta própria, segundo o IBGE. Entre os grupamentos de atividades, há alta nos serviços domésticos e estabilidade também nos demais.
Quando se trata da geração das vagas, no entanto, o quadro ainda se mostra mais nebuloso. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, há dois recuos seguidos na taxa de desemprego, embora esta não seja a comparação mais adequada, segundo o IBGE. A série histórica da taxa de desemprego com ajuste sazonal — elaborada pela Tendências Consultoria — aponta que há estabilidade há quatro trimestres seguidos, em 13%.
— O mercado de trabalho segue em ajuste, mas está em um terreno melhor. O desemprego com ajuste sazonal parou de subir, é uma melhora, mas ainda não se vê queda. Com o atual cenário da economia, vemos uma capacidade limitada da geração de vagas. A recuperação será lenta — diz o economista da Tendências.
Um dos fatores a adiar a melhora, segundo ele, é que muitos trabalhadores que tinham desistido de procurar emprego — fenômeno conhecido como desalento — devem voltar a buscar vaga, pressionando o mercado.
Na avaliação da Rosenberg&Associados, “a melhora do mercado de trabalho que está sendo apresentada nestes dois últimos dois meses está ocorrendo de maneira antecipada e reflete melhora do pessoal ocupado”. Diante dos dados divulgados, a consultoria revisou para baixo a expectativa da taxa de desemprego. A taxa esperada agora para o segundo trimestre é de 13,3%, ante 13,8% inicialmente. Também houve revisão nos dados para o terceiro e o quarto trimestre, de 13,2% e 12,6%, respectivamente, para chegar a uma média de 13,2% no ano.
Em relatório, o economista Alberto Ramos, chefe de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, afirmou que o mercado de trabalho mostra “alguns sinais preliminares de estabilização”:
“O mercado de trabalho deve permanecer fraco já que a economia ainda não mostrou sinais de ter chegado ao nível mínimo de crescimento para absorver a expansão natural da força de trabalho”, apontou no texto.
FONTE: OGLOBO