Impulsionada pela “delação do fim do mundo”, referência aos depoimentos da Odebrecht à Justiça Federal centrados no pagamento de propinas em troca de contratos com a Petrobras, a Operação Lava-Jato roubou a cena em abril. Na cola da Lava-Jato, a questão que mais mobilizou formadores de opinião e internautas foi a greve geral convocada pelas centrais sindicais e por movimentos sociais de esquerda contra as reformas propostas pelo governo. Nas redes sociais, no mês passado, o apoio às manifestações foi maior que repúdio e garantiu Índice de Positividade (IP) de 65%, segundo levantamento realizado pela .Map. O IP aponta o grau de aprovação ou rejeição de questões nacionais sendo calculado a partir da análise semanal de aproximadamente 250 artigos de Opinião publicados na imprensa e 1,2 milhão de posts publicados nas redes sociais.
A Lava-Jato e a greve geral são classificados pela .Map no IP Política, um dos três sub índices do IP Brasil. Os outros dois são IP Economia e IP Bem-Estar.
No relatório de abril, divulgado na semana passada pelal consultoria, Marilia Stábile, diretora-executiva da .Map, lembra que o caráter de apoio à greve geral foi político. “Falou-se menos sobre a motivação da paralisação e mais sobre a insatisfação como o governo de modo geral.”
Com a Lava-Jato e a greve em destaque, os debates sobre as reformas previdenciária e trabalhista ficaram em segundo plano. As reformas levaram uma rasteira do Emprego. Na área econômica esse continua sendo o principal tema em discussão.
Dados da .Map mostram que entre dezembro do ano passado e fevereiro deste ano, o Índice de Positividade do  emprego subiu, mas, em seguida, voltou a cair ao piso das expectativas em março, quando o IP caiu a 5%. Heron do Carmo, professor de Economia da USP e consultor da .Map, analisa esse desempenho e avalia que ele reflete o alívio trazido pelas vagas temporárias do final e início do ano. “A alta negatividade de março, por sua vez, expressa a ressaca do fim deste período e a volta da procura por uma vaga de trabalho”, diz Heron.
Na cola das discussões sobre Emprego/Trabalho está a Reforma Trabalhista que, entre todas propostas pelo governo Temer, é a que tem maior reprovação e encerrou abril com 10% de positividade.  
“A Reforma da Previdência concentra cinco vezes mais positividade do que a Trabalhista. Nas redes sociais, o apoio à mudança nas regras da aposentadoria alcança 52% de positividade após o recuo do governo no que diz respeito à regra da idade mínima. Mesmo assim, a discussão não engrena e representa 3% do debate total do mês”, diz a diretora-executiva da .MAP.
Marília chama atenção para a disparidade na avaliação das reformas entre os formadores de opinião na imprensa e as redes sociais é intensa: na imprensa, a Reforma da Previdência conta com 93% de aprovação, ante 52% das redes; sobre a Reforma Trabalhista, os articulistas garantem 62% de positividade ao assunto enquanto nas redes a aprovação fica estagnada em 10%.

Fonte: Valor Econômico