IMAGEM: Pavel Rebrov, Reuters
Guerra na Ucrânia paralisa parte da frota mercante global
A Associação Alemã de Armadores (VDR) avalia que cerca de 100 navios da frota mercante mundial estejam parados, sem possibilidade de seguir viagem, em portos no Mar Negro e no adjacente Mar de Azov, uma semana após o início da invasão russa à Ucrânia. Entre eles, estariam vários navios alemães, segundo afirmou nesta quarta-feira (02/03) a presidente da VDR, Gaby Bornheim.
"Exigimos que todos os navios e suas tripulações possam deixar a zona de conflito ilesos", disse Bornheim. "A Rússia deve respeitar a liberdade de navegação. Navios mercantes não participantes não devem ser atacados."
Bornheim apelou às partes em conflito para "garantirem que – além da população ucraniana – os homens e mulheres a bordo, independentemente da nacionalidade, não venham a se tornar vítimas desta guerra".
MARINHEIROS RUSSOS E UCRANIANOS
Segundo informações da VDR, marinheiros ucranianos e russos também constituem uma parte importante das tripulações dos navios da frota mercante alemã. "Um total estimado de cerca de 5 mil marinheiros de ambos os países estão trabalhando a bordo. Muitas vezes também a bordo do mesmo navio", informou a associação, acrescentando que até agora essa situação não provocou maiores incidentes. "É uma colaboração profissional", diz Bornheim.
De acordo com a VDR, os tripulantes de ambas as nações representam 14,5% de todos os 1,89 milhão de marinheiros em todo o mundo. Quase 200 mil são russos e 76 mil são ucranianos.
Conforme com informações da VDR, ainda não existem regulamentos para lidar com navios de bandeira russa. O porta-voz do VDR disse que isso deve ser decidido pelos países membros da União Europeia (UE). O Reino Unido fechou seus portos para navios russos.
COLAPSO NO COMÉRCIO MARÍTIMO COM A RÚSSIA
O grupo alemão especializado em logística portuária HHLA informou a seus clientes que não aceitará nenhum contêiner vindo ou com destino à Rússia, devido às sanções da UE. Isso também se aplica à carga transportada por trem, barcaça ou caminhão. A empresa afirmou que segue o exemplo dos operadores de terminais em outros portos europeus.
O motivo é que contêineres vindos ou destinados à Rússia não estão mais sendo despachados em Roterdã e Antuérpia. Assim, os navios têm que procurar outro porto para se livrar de seus contêineres.
Com a medida, a HHLA quer evitar que o espaço de armazenamento dos contêineres, que já é escasso devido às perturbações no transporte, fique ainda mais reduzido.
APENAS MEDICAMENTOS E ALIMENTOS
Grandes companhias de navegação, como Maersk e Hapag-Lloyd, não estão mais aceitando contratos de carga de e para a Rússia. "Na medida em que isso for possível sob as sanções existentes, estamos conduzindo cargas já contratadas para a Rússia", disse um porta-voz da companhia de navegação de Hamburgo. Isso se aplica principalmente a alimentos.
A maior empresa de transporte de contêineres do mundo, Maersk, está interrompendo temporariamente todas as entregas para a Rússia. A Maersk anunciou na terça-feira que os portos russos não seriam mais servidos "até segunda ordem". Exceções se aplicam a entregas de alimentos, medicamentos e outros bens humanitários. A Maersk já havia interrompido as viagens à Ucrânia por motivos de segurança.
FONTES: FOLHA DE S.PAULO/DW