IMAGEM: MAPA ELABORADO PELA PETROBRAS
Sonda contratada para perfuração inédita deixará o Rio rumo ao Amapá até o início do mês
A Petrobras espera estar pronta para iniciar o teste do primeiro poço para exploração de petróleo em águas profundas na bacia da Foz do Amazonas já em junho, embora a data da avaliação ainda não tenha sido marcada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis).
A estatal está finalizando trabalhos de limpeza do casco da unidade, para a retirada de corais que poderiam causar danos ambientais na região da perfuração do poço. A expectativa, segundo a Folha apurou, é que o serviço seja concluído na virada do mês.
Depois, a viagem à locação do poço, a cerca de 175 quilômetros da costa do Amapá, levaria entre 10 e 20 dias.
Nesta segunda-feira (19), o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) informou que a estrutura de resgate à fauna construída pela empresa em Oiapoque (AP) foi aprovada, liberando, assim, a realização de um teste da perfuração.
Chamado de avaliação prévia operacional, esse teste é a última etapa antes da análise final sobre a licença para o poço exploratório, que vem sendo alvo de embate entre as áreas energética e ambiental do governo.
Nele, o Ibama vai avaliar a capacidade de resposta da Petrobras em uma simulação sobre vazamento de petróleo durante a perfuração do poço, que é aguardado com grande expectativa por toda a indústria brasileira de petróleo. A data para o teste ainda não foi agendada.
"É um sinal positivo, sem dúvida, mas não há nada definitivo ainda", afirmou Roberto Ardenghy, presidente do presidente do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás), entidade que reúne as grandes petroleiras com interesse no Brasil e um dos vetores de pressão pela liberação da atividade.
Em nota, o IBP ressalta que avaliações da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) indica potencial para produção de 1,1 milhão de barris de petróleo por dia na região até 2029. O volume equivale a cerca de um terço da produção nacional média em 2024.
E defendeu que a confirmação da existência de petróleo ali "possibilitará o aumento das reservas nacionais, a garantia da segurança energética do país e a geração de desenvolvimento socioeconômico, com empregos e renda para a população do Amapá e da região Norte".
O argumento econômico mobilizou lideranças políticas e parlamentares na região Norte —incluindo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP)— no lobby pela liberação da atividade. Governo e Petrobras argumentam que o país não pode abrir mão dessa riqueza e voltar a importar petróleo.
Por outro lado, organizações ambientalistas defendem que a abertura de novas fronteiras petrolíferas enfraquece esforços para enfrentar a mudança climática e contradiz o esforço do governo para posicionar o Brasil como líder da economia verde às vésperas da COP30, em Belém.
Em junho, o governo licitará 47 áreas exploratórias na bacia da Foz do Amazonas e a liberação do primeiro poço pode provocar uma corrida por novas concessões na região. Nos últimos anos, a região ficou fora de leilões por falta de interesse do mercado, preocupado com as dificuldades para a obtenção de licença.
FONTE: FOLHA DE S.PAULO