IMAGEM: EPA
"Esta decisão foi tomada devido ao atual estado epidemiológico, ou seja, o aumento das infecções e a circulação de novas variantes preocupantes", informou o ministério
O Equador declarou obrigatória a vacinação contra Covid-19 devido ao aumento das infecções causadas pela variante ômicron, anunciou o Ministério da Saúde do país sul-americano.
"Esta decisão foi tomada devido ao atual estado epidemiológico, ou seja, o aumento das infecções e a circulação de novas variantes preocupantes", informou o ministério em nota na quinta-feira (23/12).
O estatuto começará "de forma imediata", disse Rafael Castillo, porta-voz do governo, à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC, acrescentando que a ordem é destinada a toda pessoa com mais de cinco anos, embora haja uma "ênfase" na população com mais de 12 anos.
O ministério afirmou ter as reservas necessárias para imunizar toda a população — e que a regulamentação se deve ao fato de a nova variante se propagar mais rapidamente do que suas predecessoras.
Como parte da diretriz, o governo vai exigir que os estabelecimentos que oferecem serviços não essenciais à população, como restaurantes, cinemas e supermercados, solicitem o cartão de vacinação.
O cartão de vacinação não será solicitado em postos de saúde, escolas e locais de trabalho.
Pessoas que apresentem qualquer condição médica ou contra-indicação não precisarão ser vacinadas.
Funcionários do ministério disseram à BBC News Mundo que a supervisão e as sanções pelo não cumprimento da ordem recairão sobre os governos regionais.
Segundo o ministério, a Lei Orgânica da Saúde permite que a vacinação seja declarada como um requisito para "determinadas doenças, nos termos e condições que a realidade epidemiológica nacional e local exigir".
"Nos baseamos nas leis para tomar estas medidas", afirmou a ministra da Saúde, Ximena Garzón.
"É porque queremos proteger a saúde de todos os equatorianos".
A ministra disse ainda que estão avaliando dados sobre o possível contágio comunitário da variante ômicron no país.
Até terça-feira (21/12), 12,4 milhões de pessoas haviam recebido doses completas da vacina no Equador, o que representa 77,2% de seus 16 milhões de habitantes. Os equatorianos têm quatro vacinas disponíveis: Astrazeneca, Cansino, Pfizer e Sinovac.
Uma média de 510 casos diários foram notificados no Equador nos últimos sete dias, de acordo com a agência de notícias Reuters. O número é 22% superior às infecções registradas em maio, mês com a média mais alta de casos diários.
Também houve um aumento na taxa de ocupação de leitos nos centros de saúde. Nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), o percentual varia entre 24% e 77% de ocupação, informou o ministério.
Desde o início da pandemia, o Equador registrou 537.032 casos de Covid-19 e 33.597 mortes.
Antes da vacinação, o Equador enfrentou uma das piores ondas de covid na América Latina.
Em 2020, foi o segundo país com maior número de mortes depois do Brasil, embora sua população seja menos de um décimo da brasileira.
Pela televisão, o mundo viu imagens chocantes de pessoas mortas nas ruas, diante da saturação de casas funerárias e hospitais.
Também houve famílias que foram informadas erroneamente sobre supostos parentes mortos.
Vacinação, a prioridade do presidente Lasso
Análise de Matías Zibell, colaboradora da BBC News Mundo no Equador
A campanha de vacinação tem sido o principal êxito do governo do presidente Guillermo Lasso, que assumiu o poder em 24 de maio de 2021 e reverteu nos primeiros meses de mandato o fornecimento insuficiente de vacinas por parte do governo anterior.
O presidente, em seus seis meses no cargo, teve que enfrentar uma grave crise de segurança, motins carcerários com centenas de mortos, protestos sociais e um constante embate com a Assembleia Nacional, mas poucos questionaram o trabalho realizado no combate à covid-19.
Inclusive na área da saúde, houve reclamações sobre a falta de medicamentos para pacientes com doenças crônicas e graves, enquanto o fornecimento de doses para aliviar a pandemia não parava.
A vacinação obrigatória será vista por alguns como parte do bom trabalho do governo, mas a medida não estará isenta de controvérsia em um país que fecha o ano com um clima social rarefeito e um presidente que já não tem a popularidade dos primeiros meses .
FONTE: BBC