IMAGEM: DEFESANET
Grupo formado por deputados e senadores cita ação coordenada entre grupos de extrema direita em ambos os países, e pede responsabilização
Um coletivo de cerca de 60 parlamentares norte-americanos e brasileiros divulgou nesta quarta-feira (11) uma declaração conjunta na qual condena “atores autoritários e antidemocráticos da extrema direita” que agem em conluio contra a democracia no Brasil e nos EUA. O documento (íntegra abaixo) faz referência aos ataques ao Capitólio, em Washington, em 6 de janeiro de 2021, e aos ataques à Praça dos Três Poderes, no domino (8), em Brasília. O Washington Brazil Office (WBO) foi responsável pela articulação da iniciativa entre os parlamentares dos dois países.
Para os parlamentares integrantes da iniciativa, “não é segredo que agitadores da extrema direita no Brasil e nos EUA estão coordenando esforços”. Exemplo disso são os encontros entre o deputado federal Eduardo Bolsonaro e ex-assessores de Donald Trump, como Jason Miller e Steve Bannon, que “encorajaram Bolsonaro a contestar os resultados das eleições no Brasil”.
Os parlamentares lembram que Bannon sofreu duas condenações nos EUA por ter se negado a colaborar com as investigações sobre sua relação com grupos extremistas que invadiram o Capitólio. E dizem que “todos os envolvidos devem ser responsabilizados”, referindo-se às conexões com os golpistas que agem no Brasil também.
A declaração conjunta conclui dizendo: “Assim como os extremistas de extrema direita estão coordenado seus esforços para minar a democracia, devemos permanecer unidos em nossos esforços para protegê-la. Para salvar a democracia em nossos dois países e no resto do mundo, instamos todos os representantes eleitos de nossos dois países, independentemente do partido político, a se unirem ao nosso chamado.”
Parlamentares norte-americanos que assinam
- 1. Adam Schiff
- 2. Adriano Espaillat
- 3. Alexandria Ocasio-Cortez
- 4. Barbara Lee
- 5. Becca Balint
- 6. Bernie Sanders
- 7. Brad Sherman
- 8. Cori Bush
- 9. David Cicilline
- 10. Grace Meng
- 11. Greg Casar
- 12. Hank Johnson
- 13. Ilhan Omar
- 14. Jamaal Bowman
- 15. Jamie Raskin
- 16. Jan Schakowsky
- 17. Jesús “Chuy” Garcia
- 18. Jill Tokuda
- 19. Lloyd Doggett
- 20. Mark Takano
- 21. Maxwell Frost
- 22. Nikema Williams
- 23. Nydia Velazquez
- 24. Paul Tonko
- 25. Pramila Jayapal
- 26. Rashida Tlaib
- 27. Raúl Grijalva
- 28. Robert Garcia
- 29. Sara Jacobs
- 30. Sheila Cherfilus-McCormick
- 31. Susan Wild
- 32. Sylvia R. Garcia
- 33. Troy A. Carter
- 34. Yvette D. Clarke
- 35. Zoe Lofgren
Parlamentares brasileiro que assinam
- 1. Dep. Airton Faleiro (PT-PA)
- 2. Dep. Alessandro Molon (PSB-RJ)
- 3. Dep. André Janones (AVANTE-MG)
- 4. Dep. Áurea Carolina (PSOL-MG)
- 5. Dep. Benedita da Silva (PT-RJ)
- 6. Dep. Bira do Pindaré (PSB-MA)
- 7. Dep. Camilo Capiberibe (PSB-AP)
- 8. Dep. Célia Xakriabá (eleita) (PSOL-MG)
- 9. Dep. Chico Alencar (PSOL-RJ)
- 10. Dep. Dandara Tonantzin (PT-MG) (eleita)
- 11. Sen. Eliziane Gama (CIDADANIA-MA)
- 12. Dep. Érika Hilton (PSOL-SP) (eleita)
- 13. Dep. Erika Kokay (PT-DF)
- 14. Sen. Fabiano Contarato (PT-ES)
- 15. Dep. Fernanda Melchionna (PSOL-RS)
- 16. Dep. Gleisi Hoffmann (PT-PR)
- 17. Dep. Guilherme Boulos (PSOL-SP) (eleito)
- 18. Dep. Henrique Vieira (PSOL-RJ) (eleito)
- 19. Dep. Ivan Valente (PSOL-SP)
- 20. Dep. Jandira Feghali (PCdoB – RJ)
- 21. Sen. Jaques Wagner (PT-BA)
- 22. Dep. Joenia Wapichana (REDE-RR)
- 23. Dep. Lídice da Mata (PSB-BA)
- 24. Dep. Luciene Cavalcante (PSOL-SP) (eleita)
- 25. Dep. Luiza Erundina (PSOL-SP)
- 26. Dep. Luizianne Lins (PT-CE)
- 27. Dep. Maria do Rosário (PT-RS)
- 28. Dep. Nilto Tatto (PT-SP)
- 29. Sen. Randolfe Rodrigues (REDE-AP)
- 30. Dep. Reginaldo Lopes (PT-MG)
- 31. Dep. Ricardo Silva (PSD-SP)
- 32. Dep. Rodrigo Agostinho (PSB-SP)
- 33. Dep. Rui Falcão (PT-SP)
- 34. Dep. Sâmia Bomfim (PSOL-SP)
- 35. Dep. Tabata Amaral (PSB-SP)
- 36. Dep. Talíria Petrone (PSOL-RJ)
- 37. Dep. Tarcísio Motta (PSOL-RJ) (eleito)
- 38. Dep. Túlio Gadêlha (REDE-PE)
- 39. Dep. Vivi Reis (PSOL-PA)
Confira a íntegra do documento
Declaração Conjunta: Parlamentares do Brasil e dos Estados Unidos unidos contra ações anti-democráticas
Enquanto membros do Legislativo do Brasil e dos Estados Unidos, estamos unidos contra os esforços de atores autoritários e antidemocráticos da extrema-direita para reverter resultados eleitorais legítimos e derrubar nossas democracias, incluindo os ataques recentes de 8 de janeiro, 2023 no Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal do Brasil, assim como os ataques de 6 de janeiro, 2021, no Capitólio dos EUA.
Não é segredo que agitadores da extrema-direita no Brasil e nos Estados Unidos estão coordenando esforços. Após as eleições brasileiras de 30 de outubro, o Deputado Federal Eduardo Bolsonaro se reuniu diretamente com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, juntamente com seus ex-assessores Jason Miller e Steve Bannon, que encorajaram Bolsonaro a contestar os resultados das eleições no Brasil. Recentemente, Bannon foi condenado em duas acusações criminais por não cumprir com uma intimação para prestar esclarecimentos sobre seu papel na insurreição de 6 de janeiro ao Capitólio dos Estados Unidos. Logo após as reuniões, o partido de Bolsonaro tentou invalidar milhares de votos nas eleições brasileiras. Todos os envolvidos devem ser responsabilizados.
Democracias dependem da transferência de poder pacífica. Assim como os extremistas de extrema direita estão coordenado seus esforços para minar a democracia, devemos permanecer unidos em nossos esforços para protegê-la. Para salvar a democracia em nossos dois países e no resto do mundo, instamos todos os representantes eleitos de nossos dois países, independentemente do partido político, a se unirem ao nosso chamado.
Aproximação
O WBO atuou para estreitar os contatos entre os parlamentares do Brasil e dos EUA que participam dessa iniciativa. A organização manteve interlocução com deputados e senadores no Congresso americano, em Washington, e no Congresso brasileiro, em Brasília, facilitando o contato e aproximando os protagonistas dessa iniciativa.
Em julho de 2022, o WBO já havia organizado a visita de um grupo de representantes de 19 organizações da sociedade civil brasileira a Washington. O grupo visitou na ocasião a sede do Departamento de Estado norte-americano, além dos escritórios de diversos deputados e senadores, em Washington, incluindo alguns dos que participam agora desta iniciativa.
O intuito da visita, naquela ocasião, foi alertar interlocutores norte-americanos para os riscos à democracia no Brasil, além de pedir que eles reconhecessem publicamente como legítimo o resultado da eleição de 30 de outubro, seja qual fosse o resultado.
Um dos resultados desse trabalho foi a adoção de uma declaração do Senado norte-americano, aprovada por unanimidade, pedindo que o presidente Joe Biden rompesse relações com o Brasil caso Bolsonaro desse um golpe de Estado. A moção foi proposta pelo senador Bernie Sanders, com quem o grupo organizado pelo WBO esteve em julho.
“Nós vamos seguir trabalhando para estreitar vínculos entre os setores políticos democráticos dos dois países para formar uma frente internacional em defesa da democracia”, disse Paulo Abrão, diretor executivo do WBO.
“Esperamos que na visita de Lula ao EUA os temas da democracia e dos direitos humanos estejam no centro das atenções”, disse James N. Green, presidente do Conselho Diretivo do WBO.
FONTE: WBO/REDE BRASIL ATUAL