Pessoa mostra carteira de trabalho em fila de emprego em São Paulo.

IMAGEM: AMANDA PEROBELLI/REUTERS

 

Os economistas apelidam de voo de galinha a trajetória errática da economia do Brasil. Analisando-se série histórica da evolução do PIB brasileiro, o que predomina são índices de voo baixo. Nas poucas vezes que alça voo mais alto, a economia logo volta ao solo.

Nivaldo Santana*

Nem sempre foi assim. No período de 1930/1980, período de 50 anos de ouro do capitalismo brasileiro, o País crescia em proporções assemelhadas ao que é a China nos dias de hoje. Foi o período do nacional-desenvolvimentismo da Era Vargas.

Com isso, o Brasil passou por processo acelerado de urbanização e de grande crescimento industrial. O País se tornou uma das 10 maiores economias do mundo e promoveu certa mobilidade social, embora mantivesse gargalos importantes como os desequilíbrios regionais.

A locomotiva chamada Brasil, no entanto, sofreu freada brusca a partir dos anos 1980. Desde esta época, o País vive, com raros períodos de crescimento, processo de estagnação econômica, defasagens estruturais na indústria e reprimarização da economia.

Os impactos para os trabalhadores, como não poderia deixar de ser, foram bastante fortes. Crescimento pífio e desindustrialização fizeram avançar o desemprego, a precarização, a alta rotatividade, o arrocho salarial e a desregulação do mercado de trabalho.

Pelas razões expostas, fica clara a importância da agenda unificada do Fórum das Centrais Sindicais, que ao lado da luta em defesa da democracia e dos direitos, coloca no centro da pauta a necessidade de o País retomar o desenvolvimento.

Existe relação virtuosa entre desenvolvimento econômico e valorização do trabalho. Quando a economia cresce, melhor para os trabalhadores. E o fortalecimento do mercado de trabalho, por sua vez, também é fator essencial para sustentar este crescimento.

Para viabilizar agenda que tenha como premissa o desenvolvimento econômico com valorização do trabalho, no entanto, será preciso derrotar interesses de grupos poderosos que têm na redução do custo da força do trabalho sua estratégia básica.

As reiteradas reformas trabalhista e previdenciária, a adoção de terceirização ilimitada, os limites impostos à ação sindical e à própria Justiça do Trabalho, mostram, na prática, a agenda neoliberal que tem predominado no País.

Para inverter esta lógica, novo projeto de reconstrução e transformação nacional precisa unir a maioria da Nação em torno de política de desenvolvimento que tenha como um dos pilares a valorização do trabalho. Este é um debate chave na campanha eleitoral em curso.

(*) Secretário de Relações Internacionais da CTB e de Movimento Sindical do PCdoB. Foi deputado estadual em São Paulo por 3 mandatos (1995-2007)

FONTE: DIAP