Instituição do Senado alerta para juros, inflação e risco fiscal.
A taxa de desemprego estaria em 20,7% caso as pessoas que estão na inatividade retornassem à busca de trabalho no nível anterior à pandemia. A projeção foi feita pela Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado, que divulgou relatório sobre o agravamento da situação econômica do Brasil.
Segundo o estudo, o cálculo do desemprego com a taxa pré-pandemia é útil para observar que a condição seria mais elevada se muitas pessoas não tivessem parado de procurar uma ocupação. A taxa de desemprego calculada pelo IBGE atingiu 14,6% no trimestre encerrado em maio.
Os problemas não param por aí. O relatório mostra que os riscos com a inflação alta persistem e devem continuar em 2022, justificando novos aumentos de juros. O processo de aperto monetário, segundo o IFI, reduz o apoio à economia em um momento de recuperação não garantida.
O diretor executivo da instituição, Felipe Salto, aponta como um dos dados mais importantes do relatório de acompanhamento (RAF) de agosto é o aumento dos juros precificados na chamada curva a termo. A remuneração de um título com prazo de um ano subiu de 6,7% em junho, para 7,5% em julho e 7,8% no início de agosto.
O movimento, segundo o RAF, representa um aperto nas condições de financiamento, com prováveis efeitos negativos sobre a atividade econômica e a dinâmica da dívida/PIB. “O efeito na dívida pública será relevante”, alertou Salto, de acordo com a Agência Senado.
Tudo isso gera aumento do risco fiscal. Políticas que buscam retorno eleitoral e geram piora da percepção sobre o risco fiscal criam cenário de incerteza para 2022, diz a instituição. As discussões sobre o novo Bolsa Família (Auxílio Brasil) e o calote no pagamento de precatórios (dívidas da União reconhecidas em ações judiciais) agravam a situação.
Este ano, o relatório indica que o crescimento econômico deve ficar acima dos 4,2% atualmente projetados no cenário-base da IFI. Para 2022, a projeção mantém-se em 2,1%.
FONTE: MONITOR MERCANTIL