Protestos no Chile levaram milhões de pessoas às ruas em defesa de saúde, educação e uma aposentadoria mais justa

IMAGEM: Pedro Ugarte/AFP

 

A coalizão governista de centro-direita do Chile sofreu uma derrota chocante na noite de domingo, quando foi incapaz de garantir o muito necessário um terço dos assentos no organismo que redigirá a nova Constituição do país.

Com 90% dos votos contados, os candidatos apoiados pela coalizão Chile Vamos, do presidente Sebastián Piñera, só haviam obtido um quinto das vagas, enquanto os independentes estavam com a maioria.

Novas propostas exigirão uma aprovação de dois terços, e sem um terço dos delegados o governo terá dificuldade para impedir mudanças radicais na Constituição, a menos que consiga forjar novas alianças.

O resultado e as derrotas dos candidatos governistas em eleições municipais e estaduais realizadas ao mesmo tempo são um mau sinal para Piñera e aliados nas eleições gerais e presidenciais de novembro.

A votação para escolher 155 cidadãos para reescreverem a Constituição nasceu dos protestos intensos contra a desigualdade e o elitismo que irromperam em outubro de 2019.

Muitos chilenos consideram que a Constituição atual, redigida durante a ditadura de 1973-1990 de Augusto Pinochet, privilegia os grandes negócios em detrimento dos cidadãos comuns.

Até recentemente, o governo tinha confiança de que seus candidatos conquistariam ao menos um terço dos votos.

Piñera disse que seu governo e outros partidos políticos tradicionais deveriam ouvir o recado “alto e claro” de que não responderam adequadamente às necessidades dos cidadãos.

A nova Constituinte chilena será a primeira do mundo a estipular um número aproximadamente igual de homens e mulheres como delegados.

FONTE: REUTERS