(Kieran Stone/Getty Images)
A pobreza deve alcançar os mesmos níveis observados em 2005, ou seja, um retrocesso de 15 anos, atingindo 231 milhões de pessoas. Já a pobreza extrema deve chegar aos níveis de 1990, o que implica um retrocesso de 30 anos, atingindo 96 milhões de pessoas.
Para a recuperação e a transformação econômica e social após a crise desencadeada pela pandemia do coronavírus, será essencial manter e aprofundar as políticas macroeconômicas ativas, indicou nesta terça-feira (6) a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em seu relatório Estudo Econômico da América Latina e do Caribe 2020, divulgado pela secretária-executiva do organismo regional das Nações Unidas, Alicia Bárcena, em coletiva de imprensa virtual.
O estudo econômico, um dos principais relatórios anuais da CEPAL, apresenta nesta edição uma análise dos efeitos econômicos causados pela pandemia em cada país da região, e fornece recomendações de políticas para enfrentá-los, sobretudo em matéria fiscal e monetária, além de ressaltar a importância da cooperação internacional.
“A pandemia da COVID-19 está tendo impactos históricos negativos na área econômica, produtiva e social, com sequelas e efeitos a médio prazo sobre o crescimento, aumento da desigualdade, da pobreza e do desemprego. Por isso, o processo de recuperação da atividade econômica (PIB) aos níveis pré-crise será mais lento do que o observado na crise do subprime (de 2007-2008)”, considerou Bárcena ao divulgar o documento.
A previsão é de fechamento de 2,7 milhões de empresas formais em 2020, enquanto o desemprego deve atingir 44 milhões de pessoas (com um aumento de 18 milhões de pessoas com relação ao nível de 2019, o maior aumento desde a crise financeira global).
Além disso, a pobreza deve alcançar os mesmos níveis observados em 2005, ou seja, marcaria um retrocesso de 15 anos, atingindo 231 milhões de pessoas, enquanto a pobreza extrema deve chegar aos níveis de 1990, o que implica um retrocesso de 30 anos, atingindo 96 milhões de pessoas.
Em matéria de política fiscal, o Estudo Econômico 2020 indica que os países têm feito vários esforços fiscais para mitigar os efeitos da pandemia, que em média chegam a 4,1% do PIB, acompanhados de garantias estatais de crédito de até 10% do PIB. Esses esforços fiscais, além da redução das receitas públicas, contribuíram para um maior déficit fiscal e aumento da dívida pública.
Nesse sentido, o documento indica que o desafio é manter uma política fiscal ativa em um contexto de maior endividamento. Para isso, requer uma política fiscal ativa em um marco de sustentabilidade fiscal com foco na receita. É necessário que a América Latina e o Caribe aumentem sua arrecadação tributária, que atualmente é de 23,1% do PIB em média para os governos da região, comparado com 34,3% da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
“Os países devem direcionar o gasto público para a reativação e transformação econômica, fortalecendo o investimento público para setores que fomentem o emprego, a paridade de gênero, a inclusão social, a transformação produtiva e uma transição igualitária em direção à sustentabilidade ambiental”, acrescentou.
Institucionalizar, também, a cooperação entre os bancos centrais para sustentar tanto as políticas monetárias expansionistas como aquelas dedicadas à preservação da estabilidade macrofinanceira, juntamente com a ampliação da rede de segurança financeira mundial e regional para neutralizar os efeitos negativos da volatilidade dos fluxos financeiros em momentos de crise sistêmica.
Nesse âmbito, a iniciativa Fundo para Aliviar a Economia – COVID-19 (Fund to Alleviate COVID-19 Economics – FACE), apresentada recentemente pelo governo de Costa Rica, é um exemplo de mecanismo de cooperação internacional para melhorar a distribuição da liquidez global para os países em desenvolvimento.
Mais informações:
- Apresentação de Alicia Bárcena, Secretária-Executiva da CEPAL (em espanhol).
- Observatório COVID-19 da América Latina e do Caribe.
FONTE: JORNAL GGN