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A cabotagem tem sido uma estratégia cada vez mais usada pelas empresas instaladas no polo de Camaçari para escoar seus produtos do Nordeste para outras regiões do país. A greve dos caminhoneiros poderá impulsionar esse movimento, já que houve aumento de consultas de empresas do polo interessadas na opção para o transporte de seus produtos.

A Monsanto adotou a cabotagem para o transporte de insumos químicos de sua fábrica em Camaçari para o porto de Santos. De lá, os contêineres são enviados por ferrovia até a unidade de São José dos Campos (SP), onde a matéria-prima é transformada em glifosato. "A carga é química não perigosa, mas tinha de ser transportada com segurança, que é maior na cabotagem do que em rodovia, além da menor emissão de gases de efeito estufa", diz Jaime Batista, gerente de vendas de cabotagem da Aliança Navegação, que tem frequência semanal de navios do porto de Salvador.

"Há outro atrativo para as empresas: o transporte rodoviário é mais sujeito a acidentes e isso tem impacto sobre o seguro das cargas", observa Batista. Por ser um meio mais seguro, a cabotagem pode caracterizar inexistência de sinistros durante o transporte de uma carga, o que reduz preços na renovação do seguro. Batista diz que seu telefone tocou mais durante a greve de caminhoneiros. "A tabela de frete criada para resolver a greve dos caminhoneiros trouxe muitas dúvidas e isso chamou a atenção para opções alternativas às rodovias", diz

De olho na demanda, a Aliança tem ampliado a frota. No fim do ano, passou a contar com dois novos navios, com capacidade de 3800 TEUs (Unidade Equivalente a 20 pés), que substituirão duas embarcações cuja capacidade era menor, de 2500 TEUs. A armadora ajustou a rotação dos serviços, ampliando a cobertura com um número maior de frequências entre o Sul, Sudeste e Nordeste. As embarcações maiores e mais modernas permitirão aumentar a capacidade semanal em 20%. Um navio terá seu trajeto expandido, incluindo Rio Grande do Sul e Bahia na rota. As duas embarcações receberam investimentos de US$ 85 milhões.

O Terminal de Contêineres de Salvador, operado pela Wilson Sons, tem acompanhado a diversificação da indústria em Camaçari. Entre 2013 e 2017, houve grande movimentação de peças de usinas eólicas de indústrias instaladas ao redor do polo, um nicho aberto com a expansão da fonte renovável no Nordeste, hoje o principal gerador eólico do país. Foi registrada alta de 17% no ano passado na movimentação de contêineres, com as empresas de olho na possibilidade de redução de custos, entre 15% e 30%, nas rotas de longa distância.

"Há outros segmentos como o de plásticos, que podem ganhar os contêineres, e a greve dos caminhoneiros despertou a atenção de todos os setores que foram afetados, fizemos contatos para aumentar as cargas de empresas que já transportam e em quatro meses devemos avaliar os resultados dessa aproximação com os clientes", diz Patricia Iglesias, diretora comercial do terminal.

A empresa trabalha em uma obra de expansão que poderá representar a construção de um segundo berço de atracação e da extensão de 377 metros para 800 metros do cais, o que abre a oportunidade para operar simultaneamente com navios Panamax - os maiores existentes hoje no mundo e que sofrem limitações no Brasil, principalmente por conta do calado dos portos brasileiros, como o de Santos. Isso permitirá que o terminal possa até competir com o porto de Aratu na disputa de cargas. "O projeto, que está em fase de autorização e licença ambiental, pode ser operacionalizado em dois anos."

Fonte: Valor