Brasil vai na contramão dos países emergentes - Getty Images/iStockphoto/sefa ozel

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Segundo a agência Moody's, fim do auxílio emergencial para os mais vulneráveis também representa riscos

 

Os atrasos contínuos do Brasil na distribuição de uma vacina contra o coronavírus irão aumentar os riscos negativos para a recuperação econômica projetada para este ano, afirmou nesta quarta-feira (13) a principal analista para o Brasil da agência de classificação de risco Moody's.

Em entrevista com jornalistas sobre as perspectivas para a maior economia da América Latina, Samar Maziad também disse que o fim do auxílio emergencial para os mais vulneráveis poderia representar alguns riscos para a recuperação e que abandonar o mecanismo do teto de gastos teria implicações negativas para o perfil de crédito soberano do Brasil.

Em 8 de janeiro, o presidente Jair Bolsonaro assinou uma carta ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, pedindo ajuda para antecipar a entrega ao Brasil de um lote de 2 milhões de vacinas contra a Covid-19 produzidas por um laboratório indiano.

O imunizante é produzido pelo Serum Institute, mas foi desenvolvido pela Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca.

 

A vacina AstraZeneca/Oxford sempre foi a preferida de Bolsonaro, que ao longo do ano passado atuou contra a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan (SP) em parceria com o laboratório chinês Sinovac e no centro da "guerra da vacina" entre o governador João Doria (PSDB) e Bolsonaro.

A disputa, agora, gira em torno da vacinação, ainda que Bolsonaro sempre tenha colocado imunizantes em dúvida. O governo federal incluiu a Coronavac, todas as 46 milhões de doses já encomendadas da China prontas ou em insumos, no Programa Nacional de Imunização.

Ao mesmo tempo, há dúvidas no governo paulista sobre os empecilhos da Anvisa ao uso emergencial da Coronavac.

Sobre o auxílio emergencial, o ministro da Economia, Paulo Guedes, vem tratando como positiva a não aprovação do Orçamento deste ano pelo Congresso, o que impõe uma trava para as despesas do governo.

Com a limitação nas contas, a equipe econômica afirma não trabalhar com a possibilidade de fazer novos pagamentos do auxílio emergencial a trabalhadores informais afetados pela pandemia do novo coronavírus.

Sem controle da crise sanitária e com a taxa de desemprego em alta, o fim do auxílio emergencial foi criticado por políticos e especialistas. Nas negociações para a sucessão do comando do Congresso, parlamentares pressionam pela aprovação de novas parcelas da assistência.

As disputas políticas no Legislativo no ano passado travaram a tramitação do Orçamento de 2021, que ainda não foi aprovado. Com isso, a norma prevista na legislação limita os gastos discricionários dos ministérios —como custeio da máquina pública e investimentos— a um doze avos do valor previsto para o ano. Pela regra, o governo não tem autorização para ampliar despesas, se desejar.

 

FONTES: REUTERS/FOLHA DE S.PAULO