Eis aí um leque de motivações que levam as pessoas a disputarem um cargo em eleições no Parlamento (vereador, deputado, estadual ou federal, senador) no Poder Executivo (prefeito, governador e presidente).
Antônio Augusto de Queiroz*
Muitas são as razões pelas quais as pessoas aspiram ingressar na vida pública, mas poucas são efetivamente meritórias e republicanas. Conhecer essas motivações é precondição para um voto consciente.
Portanto, na eleição procure descobrir a real motivação de seu candidato, para não se arrepender depois.
Para isso, basta saber em qual das hipótese abaixo ele se enquadra e se ela é digna de merecer seu voto:
1) disputar uma eleição tendo por base a defesa do interesse público, portanto com propósito de contribuir para a melhoria do País e das condições de vida de seus cidadãos, é meritório e o candidato com essa motivação deve merecer o voto e apoio dos eleitores;
2) concorrer por razões políticas e ideológicas, dependendo do enfoque adotado, o candidato pode merecer apoio ou reprovação. De qualquer modo concorrer com uma dessas motivações é válido, porque permite ao eleitor ter clareza sobre quais são os reais interesses do postulante;
3) apresentar-se para concorrer por vaidade merece uma observação mais cuidadosa, antes da definição do voto. Em tese, não há nenhum mal em ser vaidoso, o problema é o narcisismo, ou seja, a obsessão em valorizar mais a si mesmo do que às causas a que se dedicaria;
4) disputar motivado por ressentimento dificilmente o candidato produzirá algo de positivo, já que seu objetivo é se vingar de alguém ou de alguma situação. Logo, sua motivação não é construtiva, mas destrutiva;
5) candidatar-se por ser endinheirado e com o objetivo de utilizar o cargo público para a defesa de interesses econômicos, pessoais ou de grupo, deve ser rechaçado, porque o interesse coletivo ou bem-estar de todos fica em segundo plano ou nem mesmo faz parte de suas preocupações;
6) concorrer para promover a defesa de causas, de gênero ou raça – como das mulheres, dos negros, dos índios, etc – é muito válida, porque atende a minorias que, de outra forma, não tendo quem as defendesse no Parlamento;
7) habilitar-se para disputar cargos públicos para a promoção de causas específicas – como a do meio ambiente, de consumidores ou de usuários de serviços públicos – também é válido porque são temas que não estão entre as prioridades de todos e, portanto, sem uma representação específica, não teria quem defendesse esse segmento no Parlamento;
8) postular ou disputar cargos públicos para a defesa de interesses corporativos – como sindicatos e associações de classes – deve merecer apoio, se os pleitos forem defensáveis ética e moralmente, além de coincidentes com o interesse do eleitor;
9) disputar eleição para a promoção de valores – como os que são postulados por algumas religiões – são legítimos, desde que não deponham contra a vida; e
10) disputar eleição para obter foro privilegiado, ou evadir-se de processo criminal em curso, é igualmente desvio de finalidade e não pode merecer a aprovação do eleitor.
Eis aí um leque de motivações que levam as pessoas a disputarem um cargo em eleições no Parlamento (vereador, deputado, estadual ou federal, senador) no Poder Executivo (prefeito, governador e presidente).
(*) Jornalista, analista político e diretor de Documentação do Diap