IMAGEM: Divulgação/Agência Petrobras / Estadão
Presidente considera que, nos últimos anos, houve uma tentativa de acabar com a construção de navios, que resultou na paralisação de estaleiros pelo país.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa das políticas de conteúdo local e do fortalecimento da Petrobras. Lula lembrou que, durante a campanha de 2002 que culminou em seu primeiro mandato (2003-2006), levantou bandeiras na tentativa de convencer a sociedade brasileira de que a Petrobras poderia ser uma empresa mais forte e que a Transpetro poderia construir navios no Brasil, com os estaleiros nacionais também produzindo sondas de perfuração e plataformas de petróleo.
Lula disse que, em conversas com o setor empresarial naquela época, foi possível chegar a um consenso sobre a capacidade da indústria nacional e estabelecer índices de conteúdo local de 65% nos projetos de ativos da Petrobras. “Uma empresa pública como a Petrobras serve não apenas para lucrar. Ela serve para prestar serviços ao conjunto da população e uma parte da possibilidade do seu ganho tem que ser revertido em benefício, inclusive no desenvolvimento nacional”, defendeu.
O presidente prometeu que a Petrobras será a maior empresa produtora de biocombustíveis, etanol e hidrogênio verde depois que a indústria do petróleo declinar. “A Petrobras será a maior empresa produtora de biocombustível do país. Será a maior produtora de etanol deste país, será a maior produtora de hidrogênio verde deste país. A Petrobras é mais do que uma indústria de óleo e de petróleo, ela é uma indústria de energia e vai produzir o que for necessário”, afirmou em discurso durante cerimônia de inauguração do Complexo de Energias Boaventura, em Itaboraí (RJ).
Lula também criticou as privatizações da Vale, da Liquigás, Eletrobras e da BR Distribuidora, alegando que foram movimentos que não trouxeram benefícios à população. “O que melhorou para o consumidor brasileiro com a venda da BR? O que é que melhorou? Barateou o combustível? (…) Eles apenas se apoderaram de uma empresa que daria lucro para a Petrobras, para tirar um pedaço da Petrobras. A mesma coisa eles fizeram com a empresa de gás (…)”, disse Lula.
O presidente considera que, na última década, houve uma tentativa de acabar com a construção de navios, que resultou na paralisação de estaleiros pelo país. Lula avalia que, apesar da preferência por importar ativos nos últimos anos, a Petrobras fica sujeita às oscilações dos fretes no mercado internacional. “Temos que pagar frete para levar e para buscar. Para navios estrangeiros transportarem o que a gente poderia estar transportando com produtos brasileiros”, lamentou.
Ele ressaltou que a diferença de custo construindo no Brasil, em vez de importar, é compensada com os ganhos de conhecimento tecnológico, qualificação da mão de obra e geração de emprego e renda, assim como com o aumento do consumo. “É nas compras governamentais a possibilidade que o Estado tem de favorecer pequenas e médias empresas brasileiras a produzirem no Brasil com tecnologia brasileira, mão de obra brasileira, salário brasileiro e aço brasileiro para que possamos então fazer com que país cresça e se desenvolva. Não podemos ser mero importador de tudo”, enfatizou.
Quando estiver em pleno funcionamento, o Complexo de Energias Boaventura — antigo Comperj — vai viabilizar o escoamento de até 18 milhões de m³/dia, pelo Projeto Integrado Rota 3; e o processamento, pela UPGN, de até 21 milhões de m³/dia de gás natural. O empreendimento, localizado em Itaboraí, região metropolitana do Rio de Janeiro, é composto pela maior unidade de processamento de gás natural (UPGN) do país e pelo gasoduto Rota 3, que transportará gás do pré-sal da Bacia de Santos.