Dia 28 de dezembro “conversa” com o mar, a soberania e o futuro. Marca o nascimento do Visconde de Mauá, figura central da história econômica nacional e símbolo de um Brasil que ousou pensar grande, investir em infraestrutura, integrar o seu território e construir meios próprios para se inserir no comércio internacional.
Mauá compreendeu, ainda no século XIX, que não existe desenvolvimento sem logística, sem indústria e sem capacidade de controlar os próprios fluxos de transporte.
Navios mercantes não são apenas ativos econômicos. Eles são instrumentos de política pública, de segurança nacional, de integração territorial e de afirmação internacional.
Não por acaso, todos os países que se consolidaram como potências globais ou regionais mantêm frotas próprias, registradas sob sua bandeira e tripuladas por trabalhadores nacionais.
No cenário atual, essa constatação se torna ainda mais evidente. O mundo atravessa um período de instabilidade geopolítica, marcado por conflitos armados, disputas comerciais, sanções econômicas, bloqueios logísticos e tensões em rotas estratégicas.
Cadeias globais de suprimento, antes tratadas como algo garantido, mostram-se frágeis diante de crises políticas e militares. Nessas circunstâncias, países que não possuem Marinha Mercante própria tornam-se dependentes de decisões tomadas fora de seu território.
Para o Brasil, uma Marinha Mercante nacional não é opção ideológica, nem nostalgia do passado. É uma necessidade estratégica. Ela garante o abastecimento interno, sustenta a segurança energética, reduz vulnerabilidades externas, fortalece a economia e gera empregos qualificados.
Onde o país tem navios próprios, há autonomia, previsibilidade e capacidade de planejamento. Onde eles faltam, cresce a dependência de interesses estrangeiros e diminui a margem de decisão soberana.
Defender o fortalecimento da Marinha Mercante brasileira é defender um projeto de nação. É afirmar que desenvolvimento econômico precisa caminhar junto com trabalho decente, formação profissional, tecnologia e presença nacional no mar.
É reconhecer que a Marinha Mercante só existe quando há marítimos nacionais embarcados em navios registrados sob nossa bandeira, com direitos garantidos e condições dignas de trabalho.
Neste dia, a homenagem se dirige especialmente à nossa gente do mar. Homens e mulheres que mantêm o país funcionando, muitas vezes longe de casa e fora do campo de visão da sociedade.
São eles e elas que, na linha de frente, garantem que o Brasil preserve a sua segurança energética, logística e econômica.
Celebrar o 28 de dezembro é mais do que uma data comemorativa. É um convite à reflexão sobre soberania, desenvolvimento e futuro.
É reafirmar que o Brasil precisa olhar novamente para o mar como espaço estratégico, e para seus marítimos como parte essencial de qualquer projeto nacional.
Parabéns a todos os homens e mulheres que escolheram as profissões marítimas e constroem, todos os dias, a Marinha Mercante Brasileira!
