Em assembleia geral extraordinária realizada na última segunda-feira, 2, representados e representadas do Sindmar aprovaram proposição em defesa da continuidade da Transpetro como empresa de navegação nacional.

Oficiais e eletricistas tiveram posicionamento unânime na aprovação de uma campanha para defender a renovação e o aumento da frota de navios brasileiros na Transpetro, com geração de emprego e renda para marítimos locais e salários e condições laborais equivalentes aos praticados atualmente por outras empresas que operam no Brasil.

Como ressaltado em mensagem circular, a Transpetro é o último armador genuinamente nacional, mas a sua controladora demonstra intenção de se desfazer dos navios de bandeira brasileira, o que representa graves riscos para a soberania do Brasil no transporte marítimo no setor de óleo e gás.

As empresas de navegação europeias, que já dominam completamente o setor de contêineres, avançam também no controle dos navios-tanques que transportam em nossa cabotagem o petróleo do pré-sal e os combustíveis refinados. O Brasil caminha a passos largos para a total dependência de outros países no transporte marítimo nesse setor.

Com relação às condições de trabalho, a Transpetro segue muito defasada em relação à maioria das empresas marítimas no Brasil, especialmente nos itens econômicos.

A remuneração para oficiais em início de carreira chega a ser 30% inferior à média praticada em outras empresas para navios especiais que transportam cargas perigosas operando em bandeira brasileira.

Além da evidente má gestão da empresa, que causa danos aos marítimos e os impossibilita de alcançar bons resultados a bordo sem apoio efetivo da estrutura de terra, não há previsibilidade nos embarques e desembarques, uma deficiência crônica que produz impactos significativos no convívio social e familiar dos nossos representados, o que também será foco da campanha.

Com o declínio da frota da Transpetro, que perdeu quase 20 embarcações entre os anos de 2020 e 2022, perdem-se também postos de trabalho no Brasil. Os programas de desligamento voluntário (PDV) que a empresa vem promovendo são prova disso.

O PDV mais recente, lançado nesta quarta-feira, 4, é focado na demissão de contramestres, marinheiros de convés e marinheiros de máquinas, mas em geral, os números impressionam. Em 2015, a Transpetro contava com 2.450 marítimos brasileiros empregados. No início de 2020, eram 2.370. Chegamos a 2022 com 1.950 trabalhadores nacionais embarcados.

Na contramão das empresas de navegação da cabotagem, que têm expandido as suas operações em bandeira brasileira, a Petrobras vem, paulatinamente, transferindo as suas para navios de outras bandeiras, chegando a ultrapassar a marca de uma centena de embarcações afretadas por tempo e por viagem em 2021.

O Sindmar afirma que as entidades sindicais marítimas brasileiras farão tudo o que estiver ao seu alcance para que tenhamos marítimos brasileiros tripulando navios em águas nacionais.

Com a decisão da assembleia, serão destinados tempo e recursos para a campanha, mas o Sindmar alerta também que é essencial que os marítimos da Transpetro façam a parte que lhes cabe para haver chances mais efetivas de alcançar avanços na relação de trabalho.

FONTE: SINDMAR