O propósito da série, portanto, é contribuir para que as pessoas conheçam as instituições do Sistema Político, critiquem seus erros e contribuam para seu aperfeiçoamento, pois só pela via da política é possível à convivência pacífica e democrática entre os brasileiros. A solução passa pelo diálogo, pelo entendimento e pela tolerância e não pela divisão, pela histeria e pelo confronto.
Antonio Augusto de Queiroz*
Depois do sucesso da série “Eleições 2018”, vamos iniciar nova, com 8 textos, desta vez sobre as instituições do Sistema Político. O objetivo da série é explicar o que são, o que fazem e como funcionam essas instituições. Este 1º texto trata da importância para a cidadania do Sistema Político brasileiro, cujas regras e procedimentos estão a cargo das instituições políticas.
O Sistema Político é constituído de 7 instituições, sobre as quais dedicaremos os próximos textos. São elas:
1) o regime político (democrático);
2) a forma de governo (República);
3) o sistema de governo (presidencialismo);
4) a forma de organização do Estado (Federação);
5) o Poder Legislativo (bicameral - Câmara e Senado);
6) os sistemas eleitorais (proporcionais e majoritários); e
7) o sistema partidário (pluri ou multipartidário).
Voltando ao tema deste 1º texto, nossa ideia é reforçar a importância do conhecimento sobre o papel das instituições do Sistema Político Brasileiro. Conhecer essas instituições e suas regras, com base nas quais são constituídos e operados o poder político, assim como atuar para que seja exercido com equilíbrio, é tão importante para os cidadãos quanto conhecer seus direitos e deveres.
É que as instituições do Sistema Político, em essência, definem quem e como serão exercidos os 3 monopólios do Estado:
1) o de impor conduta e punir seu descumprimento (o poder coercitivo);
2) o de tributar (arrecadar compulsoriamente de toda a sociedade); e
3) o de legislar (elaborar leis obrigatórias para todos). Além disso, também regulam a relação entre os 3 setores do sistema social: o 1º, o Estado; o 2º, o Mercado; e o 3º, a Sociedade.
As instituições do Sistema Político, além de constituírem e organizarem o exercício do poder tem por finalidade:
1) satisfazer necessidades humanas;
2) estruturar as interações ou relações sociais; e
3) determinar, mediante regulação, os processos de tomada de decisão.
Ou seja, não apenas organizam a forma de escolha, definem os limites do exercício do poder, como cuidam do fornecimento de bens e serviços públicos.
A rejeição às instituições, aos agentes públicos e aos políticos, em geral, é um claro sintoma do esgotamento e exaustão do nosso Sistema Político, que requer reformas urgentes na perspectiva de oxigená-lo, torná-lo mais legítimo e representativo.
A crise do Sistema Político decorre, essencialmente, de sua incapacidade de responder e atender adequadamente às demandas da população. A superação desse quadro de descrédito, entretanto, requer 2 tipos de mudanças: uma cultural e outra legislativa. A 1ª para mudar práticas e adotar a pedagogia do exemplo, resgatando o respeito ao eleitor, que é o titular do poder, e a 2ª para definir novas regras para a constituição e o exercício do poder de forma legítima.
Não existe solução para os problemas coletivos fora do Sistema Político. Por isso, a urgência de reformas que levem a revisão das práticas do Sistema Político e lhes devolvam a capacidade de gerar oportunidades e de apontar caminhos para o futuro, sob pena de completa desmoralização. A alternativa às soluções via Sistema Político é a barbárie, o “salve-se” quem puder.
Para não apenas preservar, e até ampliar, as conquistas do processo civilizatório — como os direitos civis, políticos, sociais, coletivos e difusos, entre outros — é urgente um esforço de formação política, cívica e cidadã. Sem esse nível de consciência, a população — desiludida e desencantada com a política — pode optar pelo retrocesso e até sufragar seu algoz.
O propósito da série, portanto, é contribuir para que as pessoas conheçam as instituições do Sistema Político, critiquem seus erros e contribuam para seu aperfeiçoamento, pois só pela via da política é possível à convivência pacífica e democrática entre os brasileiros. A solução passa pelo diálogo, pelo entendimento e pela tolerância e não pela divisão, pela histeria e pelo confronto.
(*) Jornalista, consultor, analista político e diretor de Documentação do Diap