A Conttmaf e a Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF) participaram de um encontro com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) nesta quinta-feira (15), na sede da Missão Permanente do Brasil na ONU, em Genebra, na Suíça, para discutir temas considerados importantes para os trabalhadores marítimos.

Ao ministro Luiz Marinho, a ITF manifestou disposição para trabalhar em projetos junto ao governo brasileiro, por meio da Conttmaf e suas entidades sindicais, para fortalecer a representação sindical nos setores em que atua, proteger a cabotagem nacional e os empregos locais.

Na ocasião, o presidente da Conttmaf, Carlos Augusto Müller, reforçou a necessidade de se ampliar o debate acerca da navegação interior na Hidrovia Paraguai-Paraná, hoje em condições desfavoráveis para brasileiros e argentinos.

“Precisamos retomar as discussões entre os sindicatos brasileiros, argentinos, uruguaios, paraguaios e bolivianos para buscar um quadro mais equilibrado de participação dos trabalhadores, pois brasileiros e argentinos têm sido alijados dos postos de trabalho em razão das condições privilegiadas que o Paraguai outorgou às embarcações registradas em sua bandeira, desconsiderando o tratado internacional existente”, defendeu Müller.

A demanda foi apresentada a Marinho, que estava acompanhado de Valter Sanches, chefe da Assessoria Especial Internacional do MTE, e de Rodrigo Meirelles Coelho, conselheiro da missão diplomática do Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Nesse sentido, o secretário-geral adjunto da ITF Global, Rob Johnston, lembrou que a entidade realizará uma reunião regional, solicitada pela Conttmaf, para discussão do tema nos dias 11 e 12 de julho no Rio de Janeiro, com a presença dos sindicatos de navegação interior dos cinco países.

Ainda no encontro com o MTE, Müller defendeu uma participação mais efetiva do governo nos debates para uma transição marítima justa, buscando uma economia descarbonizada e mais inclusiva.

A esse respeito, a ITF avalia a possibilidade de realizar um evento no Brasil, no período da COP 30 – a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, que ocorrerá em 2025, em Belém-PA – para discutir o assunto.

O dirigente da ITF aproveitou o encontro com representantes do governo para fazer uma breve apresentação da história da entidade – fundada em 1896, antes mesmo da criação da OIT, em 1919.

Atualmente, a ITF afilia mais de 25 milhões de trabalhadores do setor de transportes em 165 países, identificando-os em oito seções: gente do mar, navegação interior, portuários, pesca, aviação civil, ferroviários, rodoviários e serviços de turismo em transportes.

Na América Latina e Caribe, os sindicatos brasileiros representam mais de a metade dos membros da ITF em todas as seções e o sistema confederativo da Conttmaf reúne ampla maioria dos trabalhadores em seis dessas seções, destacadamente nos transportes aquaviários e portuários.

Para Carlos Müller, a ITF agrega significativa contribuição à luta coletiva dos trabalhadores em transportes no Brasil e em toda a América Latina e Caribe, com sua experiência e atuação internacional em campanhas – como a de combate às bandeiras de conveniência – e seus inspetores que fiscalizam questões relacionadas a acordos a bordo dos navios em portos de diversos países.